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(46) 2101 2101Em 2022, no Hospital Filantrópico Policlínica (HFP), entidade sem fins lucrativos de Pato Branco, foram registrados 11.711 internamentos, 8.255 cirurgias, 56.987 pessoas atendidas no Pronto Atendimento, 14.780 no Ambulatório Geral, 17.617 no Ambulatório Oncologia. Desse volume, os atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS) representam 78%. Para alimentar pacientes e acompanhantes, foram 232.808 refeições no ano passado.
Para manter o nível de atendimento e de resolutividade, a instituição lançou a campanha Salve o Hospital, nesta terça-feira (14/03), uma tentativa de sensibilizar a comunidade e as lideranças políticas, nas esferas municipal, estadual e federal, para a situação dramática vivida por conta da defasagem histórica da tabela SUS nos últimos 20 anos e dos aumentos progressivos nos medicamentos e demais insumos, após a pandemia.
Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que 84% dos procedimentos realizados no SUS que preveem algum tipo de remuneração aos profissionais – entre eles médicos, enfermeiros e auxiliares – não tiveram nenhum reajuste nos últimos dez anos.
A pesquisa detalha defasagem de até 17.270% em alguns procedimentos quando comparados à mais recente edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), tabela utilizada como referência para o cálculo de honorários médicos em todo o país.
O diretor de Saúde do Hospital Filantrópico Policlínica, Daniel Emygdio do Nascimento, observa que a tabela SUS, utilizada para remunerar os hospitais e clínicas conveniados à rede pública de saúde não recebeu atualizações.
“Os índices não são reajustados há mais de 20 anos. Nos últimos anos, de acordo com a CMB [Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas], 315 instituições tiveram que encerrar suas atividades no Brasil, por falta de verba suficiente para continuar operando”, explica.
A relação entre receitas e despesas do HFP, em 2022, mostra o desequilíbrio nas contas: o resultado líquido do exercício de 2022 do HFP apresentou déficit de R$ 625.499,37 (R$ 40.959.534,87 em receitas e R$ 41.585.034,24 em despesas).
O diretor de Saúde do Hospital Filantrópico Policlínica explica que as poucas reservas financeiras que a instituição detinha acabaram e o desequilíbrio entre receitas e despesas deve piorar neste ano, caso as esferas governamentais não disponibilizem mais recursos. “Aí, surge outro problema, a imprevisibilidade. Quando os recursos não vêm diretamente para o hospital, o estado e os municípios precisam receber para, depois, repassar. Esses trâmites acabam atrasando pagamentos e dificultando ainda mais a situação”, detalha Daniel Emygdio do Nascimento.
Impactos da pandemia
Hoje, de acordo com dados da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), para cada R$ 1,00 produzido em assistência nos hospitais filantrópicos, apenas R$ 0,44 são pagos pelo SUS. Ainda segundo a Femipa, as Santas Casas e hospitais filantrópicos prestam serviços a um custo, em média, oito vezes menor do que os hospitais públicos federais.
Os impactos da pandemia de Covid-19 também foram sentidos nos insumos hospitalares. O frasco de soro fisiológico de 1.000 ml custava, em janeiro do ano passado, R$ 4,60. Entre outubro e dezembro do mesmo ano, o valor de comercialização chegou a R$ 10,85 o frasco, aumento de 136%. Toda a linha de soros fisiológicos, que são itens básicos no hospital, teve a mesma variação, incluindo o frasco de soro fisiológico de 100 ml, com o consumo mensal de 5 mil frascos, em média.
Os medicamentos também seguiram a mesma linha. A ampola do analgésico dipirona (injetável) custava R$ 0,78 em janeiro de 2022. No final do ano, comercializada por R$ 3,50, 348% a mais. O neostigmine, utilizado pela anestesiologia, custava R$ 0,70 a ampola e, ao longo de 2022, pela falta do produto, foi substituído pelo sugamadex, cujo frasco era comercializado a R$ 300,00.
A campanha
Na visão dos diretores do Hospital Filantrópico Policlínica, a campanha Salve o Hospital, além de sensibilizar os governantes, busca apresentar a situação dramática que a instituição enfrenta para a comunidade sudoestina. A dependência de recursos públicos e a atual conjuntura política e econômica no Brasil não mostram reversão na tendência.
“A população precisa saber que o hospital é uma entidade sem fins lucrativos, como o Pequeno Príncipe e outras instituições do Paraná. Temos 78% dos atendimentos via SUS. Aqui, são realizados transplantes de rim e de coração. Só com o apoio da comunidade é que poderemos manter nossa resolutividade e poder melhorar nossa estrutura”, contextualiza o diretor de Saúde do Hospital Filantrópico Policlínica.
Principais despesas do Hospital Filantrópico Policlínica (percentual de aumento de itens, de 2021 para 2022):
Material de Limpeza – 15,15%;
Material Copa e Cozinha – 58,51%;
Impressos/Mat. Expediente – 17,48%;
Esterilização de Materiais Hospitalares – 11,18%;
Prestadores de Serviço PJ – 21,96%;
Gastos com alimentação – 19,41%;
Folha de pagamento – 13,26%;
Honorários com TI – 56,6%.
Referência em Saúde
A região sudoeste do Paraná tem, em Pato Branco, um polo de saúde. O Hospital Filantrópico Policlínica, entidade sem fins lucrativos há quase oito anos, é responsável por boa parte dos atendimentos hospitalares em municípios sudoestinos e até do oeste de Santa Catarina.
Os números de atendimentos do HFP em 2022:
Internações – 11.711;
Pronto Atendimento – 56.987;
Ambulatório Geral – 14.780;
Ambulatório Oncologia – 17.617;
Radioterapia – 295 pacientes novos;
Total de pacientes-dia – 32.989.
Número de pacientes internados via SUS:
Total de atendimento SUS – 6.090;
Total de pacientes-dia SUS – 21.698.
Número de pacientes internados por convênios e particulares:
Total de atendimentos convênios/particulares – 5.620;
Total de pacientes-dia convênios/particulares – 11.291
Número de procedimentos cirúrgicos nos últimos 12 meses: 8.255 (média mensal – 687,91).
Para saber como ajudar, clique no link da campanha Salve o Hospital.